Não é uma temporada fácil para o amor.
Claro que tem as benditas exceções mas, no geral, são mais morros que ladeiras. Alguns terminaram, alguns descobriram um chifre, outros nem encontraram e tem uma galera que já desistiu de procurar.
É até compreensível, sabe? Você chega num lugar se dando a chance de conhecer outra pessoa. Mas aquela ali? Gorda demais. Feia demais. Bonita demais. Namora demais. Carente demais. Fria demais… Estudos dizem que a média é de 25 “demais” até que alguém resolva pelo menos conhecer melhor o outro. E isso porque nem conversaram.
Colocando em proporção, a pessoa que se importa menos tem mais poder na relação. Soa estranho, mas a paixão nunca te garantiu nada. Às vezes, você pode não ser a maior prioridade do outro e colecionar “vamos ver”, “vou tentar” e cancelamentos em cima da hora. Às vezes, ela simplesmente não tá nem ai pra você. Ou pode não ser culpa de ninguém e de todo mundo ao mesmo tempo (e, acredite, isso é bem normal de acontecer). E ai, aquele “estou bem” do fim acaba como outra peça numa coleção de fracassos.
Nossa visão muda muito conforme o tempo passa. Mas, pessoalmente, não consigo acreditar em ser feliz sozinho (Igual nunca acreditei no “vamos deixar rolar” que, vira e mexe, aparece na fila do vocabulário). Não que eu ache impossível, só mais difícil.
Nas palavras de Spike Jonze em Her, “apaixonar-se é uma loucura socialmente aceitável”. E, de certo modo, é. A paixão cria uma gravidade própria para orbitarmos. E, uma vez preso nessa translação, o que te resta é girar. Ela pode ser a pessoa que você vai passar o resto da sua vida ou alguém que vai terminar tudo e dilacerar o seu coração amanhã. As duas possibilidades são assustadoras.
E, mesmo cientes, nos apaixonamos´. Inserimos outra pessoa em cada aspecto da nossa rotina. Apresentamos para os amigos, para a família, para nós mesmos. Ela dorme do lado esquerdo da cama, coloca o feijão antes do arroz e deixa manchas de pasta de dente na pia. Mas ela também segurou sua mão, quando o mundo ficou grande demais. Foi o primeiro número que você ligou, quando foi demitido e quando recebeu a promoção no outro emprego. Foi quem viu suas loucuras e deu risada.
Não é mesmo uma temporada fácil para o amor. Não é perfeito. E se apaixonar pode ser uma péssima escolha.
Mas tudo bem, né?